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6 benefícios que uma soneca pode trazer para você

Cochilar pode melhorar sua saúde, sua capacidade de aprendizagem e até o seu desempenho nos esportes

Primeiro-ministro britânico, historiador, escritor, pintor e, apesar da agenda lotada, adepto de uma sonequinha após o almoço. Esse era Winston Churchill (1874-1965), a quem se atribui uma ótima frase sobre os benefícios do cochilo: quem adere ao hábito ganha dois dias no lugar de um – ou, pelo menos, um dia e meio.

A ciência lhe dá razão. Estudos mostram que alguns minutos de sono à tarde têm o poder de  alavancar nossa produtividade no trabalho, nos estudos e nos esportes, além de trazer benefícios para a saúde, reduzindo a pressão arterial, por exemplo. Selecionamos algumas dessas pesquisas para mostrar como o hábito da soneca pode melhorar seu dia a dia:

1. Memória turbinada
Segundo pesquisadores de Berkeley, quanto mais tempo passamos acordados, mais sobrecarregado fica nosso cérebro, o que acaba afetando a capacidade de reter informações. Um estudo realizado na universidade norte-americana com 39 adultos mostrou como uma simples soneca pode tornar nossa memória muito mais eficiente. Os participantes foram submetidos a uma aula bem exigente ao meio-dia e, às 14h, parte dos alunos tirou uma soneca de 90 minutos, enquanto os demais permaneceram acordados. Às 18h, todos encararam mais uma rodada de exercícios rigorosos. A avaliação dos testes mostrou que aqueles que dormiram obtiveram um resultado 40% melhor ao fim do dia.

2. Maior tolerância à frustração
Cochilos também podem nos ajudar a manter o pique diante de tarefas chatas ou desgastantes. É essa a conclusão de uma pesquisa realizada na Universidade de Michigan, da qual participaram 40 pessoas, com idade entre 18 e 50 anos. Todas elas receberam uma tarefa que, na prática, era simplesmente impossível de concluir. A ideia era medir quanto tempo os participantes se dedicariam ao trabalho antes de perder a paciência e jogar a toalha. De modo geral, todo mundo manteve o empenho por um período parecido. Depois disso, houve um intervalo de uma hora, durante o qual alguns participantes dormiram, enquanto outros viram um vídeo sobre a natureza. Em seguida, passaram por mais um teste (que, como o primeiro, era impossível). Nessa etapa, constatou-se que aqueles que tinham cochilado demonstraram maior persistência que os demais, assim como menores taxas de impulsividade.

3.  Redução da pressão arterial
O hábito de tirar uma soneca está associado à redução da pressão arterial, entre outros benefícios cardiovasculares, segundo uma pesquisa realizada pelo hospital geral Asklepieion Voula, em Atenas. O trabalho incluiu o acompanhamento de 386 pessoas com hipertensão – 200 homens e 186 mulheres, com aproximadamente 61 anos. Para avaliar os benefícios do cochilo, o estudo contemplou também outros fatores que poderiam influenciar o resultado, tais como gênero, IMC (índice de massa corporal), consumo de álcool, cigarro e sal, assim como a prática de atividade física. Ao ajustar todos os indicadores, foi possível observar que os pacientes que dormiam à tarde tinham a pressão arterial sistólica (PAS) 4% mais baixa quando estavam acordados, e 6% mais baixa durante o sono (a PAS se refere ao maior valor verificado durante a aferição de pressão arterial). Segundo os autores do estudo, essa redução diminui significativamente o risco de sofrer um problema cardiovascular. Ainda de acordo com o trabalho, quanto maior a duração da soneca, maiores os benefícios.

4. Relação com a síndrome metabólica
A duração ideal da soneca, porém, é polêmica. Uma meta-análise envolvendo 21 estudos, com mais de 300 participantes ao todo, indica que cochilar por períodos muito prolongados pode ser prejudicial. O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade de Tóquio, observou uma relação entre o hábito de cochilar e o risco de ter síndrome metabólica – o termo define um conjunto de doenças que têm como base a resistência à insulina, o que inclui diabetes, hipertensão e níveis elevados de colesterol ruim. A equipe concluiu que, quando a soneca durava até 30 minutos, a pessoa apresentava uma menor probabilidade de desenvolver a síndrome. Porém, quem tirava cochilos de 90 minutos corria um risco 50% maior de apresentar o problema.

5. Mais foco e atenção
A NASA, agência espacial norte-americana, descobriu que uma soneca de 26 minutos é capaz de melhorar nossa produtividade em um terço e a capacidade de atenção em 54%. A agência costuma realizar estudos sobre sono para saber como a falta dele afeta os astronautas. Seja por estresse, seja pela falta de um ciclo de dia e noite como há na Terra, o fato é que eles acabam dormindo até 2h30 menos do que dormem normalmente, e a privação de sono pode causar irritabilidade, esquecimentos e fadiga. A solução encontrada foi recomendar a realização de sonecas, mas qual a duração ideal? Para responder essa questão, foram avaliados participantes que cochilavam por períodos distintos, chegando a 2h30 de sono. A pesquisa mostrou que, em geral, sonecas mais longas trazem mais benefícios, mas isso varia conforme a área avaliada. Quando se trata de foco, apenas 26 minutos de descanso já são suficientes.

6. Melhor desempenho nas quadras
Dormir como estratégia para vencer nos esportes? Sim, é isso que defendem pesquisadores da Universidade de Stanford. Durante duas temporadas de basquete, eles acompanharam onze jogadores. A orientação foi para que eles seguissem sua rotina (dormindo de seis a nove horas por noite) durante algumas semanas e, depois, ampliassem o tempo de sono para dez horas – quando não conseguiam dormir dez horas seguidas, precisavam tirar um cochilo durante o dia. Resultado: o tempo extra de sono fez com que os jogadores corressem mais rápido, melhorassem a mira e sentissem menos fadiga. Para os pesquisadores, a mensagem é simples: o sono precisa ser priorizado sempre, e não apenas na véspera de uma competição importante.

Fonte: http://epocanegocios.globo.com

Obesidade: um café da manhã farto ajuda a prevenir?

Novas pesquisas sugerem que transformar a primeira refeição do dia na mais calórica traz benefícios e previne o ganho de peso

“Tome café como um rei, almoce como um marquês e jante como um plebeu.” O velho provérbio é repetido com a frequência de um mantra no consultório da endocrinologista Maria Edna de Melo, do Hospital das Clínicas de São Paulo. É uma tentativa, às vezes inglória, de estimular seus pacientes a adotar hábitos alimentares mais regrados: “Quem toma café da manhã – um bom café, não só aquele cafezinho preto – geralmente tem uma ingestão maior de lactose, de frutas, de fibras”, diz Maria Edna. Tem uma alimentação mais variada e nutritiva.

Frequentemente, o conselho cai no vazio: “Tem quem diga não sentir fome pela manhã. Mas esse é um hábito que se aprende”. A recomendação ganha mais força com uma nova leva de estudos que encontrou evidências científicas para confirmar: quanto maior for a refeição no café da manhã, aparentemente, melhor.

A mais recente dessas pesquisas foi feita nos Estados Unidos e recém-publicada no Journal of Nutrition, um periódico científico especializado em alimentação. Os pesquisadores acompanharam, por sete anos, os hábitos alimentares de mais de 50 mil pessoas que faziam parte de comunidades adventistas nos Estados Unidos e no Canadá.

Os dados mostraram que, em média, aquelas que faziam do café da manhã a refeição mais farta tinham IMC (índice de massa corporal) menor que aquelas que comiam mais no almoço ou no jantar. Também eram mais magras aquelas pessoas que faziam jejum no fim do dia – ou seja, demoravam, pelo menos, 18 horas entre a última refeição do dia anterior e a primeira do dia seguinte. “Nossos resultados sugerem que, para adultos relativamente saudáveis, comer a maior refeição pela manhã pode ser um método eficiente para prevenir ganho de peso a longo prazo”, escreveram os autores.

Não é um hábito fácil de adotar. Ainda que aprecie um café da manhã respeitável, provavelmente é no almoço ou no jantar que você come mais: “Comer é um hábito social – as pessoas se reúnem com os amigos para jantar”, e não para tomar café da manhã, diz Maria Edna. É assim no mundo todo. Uma análise de estudos, feita por pesquisadores do King’s College de Londres e publicada no ano passado, mostrou que, no mundo inteiro – salvo algumas exceções –, as pessoas fazem do jantar sua refeição mais calórica. Vale a pena inverter essa distribuição – e dar mais importância à primeira refeição do dia?

A invenção do café da manhã

A primeira refeição do dia talvez seja, também, a mais controversa. A relação que mantemos com o café da manhã variou muito ao longo da história. A ideia de que se deve tomar um  “café da manhã de rei” é antiga – o provérbio remonta ao século XVI. De acordo com a professora Gerda Pot, do King’s College de Londres – que examinou a questão em uma pesquisa publicada em 2016 –, o dito surgiu na Europa num momento em que essa refeição passava por uma reabilitação. Por séculos, durante a idade média europeia, ela foi vista como um ato pecaminoso ou como um privilégio das camadas mais favorecidas da população. Aos camponeses, por exemplo, cabia uma refeição no intervalo do trabalho – e não antes de começar as tarefas do dia.

No século XX, a mesa de café se converteu num campo de batalha. Os primeiros anos do século viram ganhar espaço a ideia de que o café da manhã era a refeição mais importante do dia. A máxima foi criada pelo austríaco Edward Bernays, um especialista em relações públicas (e sobrinho de Freud) que, durante a década de 1920,  trabalhou para uma empresa americana fabricante de bacon e presunto.

Bernays escreveu um documento exaltando os benefícios de um bom café da manhã – de preferência um que incluísse carne de porco, em detrimento dos cereais de milho que ganhavam espaço nas mesas americanas. Segundo a historiadora Abigail Carroll,  autora do livro The invention of the American meal, o documento foi despachado a 4.500 médicos, que concordaram em assinar o trabalho, endossando suas conclusões. Eles emprestaram à propaganda de Bernays ares de pesquisa séria. Foi uma peça de pseudociência que reverberou na consciência popular: “O resultado foi que as vendas de bacon cresceram”, diz Bernays em uma entrevista disponível no YouTube. “E eu ainda tenho uma carta do presidente da empresa me falando desse sucesso.”

Nos anos seguintes, ganhou força a ideia de que não tomar café da manhã expunha a pessoa  a riscos, fazia crescer as chances de ganho de peso e obesidade. A teoria era de que quem não comia pela manhã sentia mais fome nas refeições seguintes – e exagerava na alimentação ao longo do resto do dia. Nada que a ciência tenha conseguido confirmar.

No ano passado, uma equipe da Universidade de Bath, no Reino Unido, publicou os resultados de um experimento que acompanhou, por seis semanas, um grupo de 70 pessoas entre 21 e 60 anos. A ideia era pôr à prova o mito de que não tomar café da manhã colabora para o ganho de peso. A uma parte do grupo, os cientistas recomendaram jejum pela manhã – até o meio-dia. A outra parte, receitaram uma dieta: um cardápio para a refeição matutina. Ao fim da experiência, perceberam que não havia diferenças entre as oscilações de peso num grupo e no outro.

O que a ciência diz

O que os cientistas vêm percebendo é que a forma como o consumo de alimentos é organizada ao longo do dia faz diferença. E que concentrar as calorias nas primeiras horas da manhã pode ser coisa benéfica. Essa é uma suspeita persistente há anos. Já em 1997, um grupo de pesquisadores das universidades de Manchester e Liverpool, no Reino Unido, concluiu, depois de analisar um conjunto de trabalhos da década anterior, que “ingerir refeições idênticas ao longo das 24 horas do dia não vai resultar em absorção constante dos componentes dos alimentos”. Significa dizer que pouco importa se você consumir as mesmas calorias nas diferentes refeições – a forma como seu corpo vai usar esses recursos será diferente, variando conforme a hora do dia.

Fonte: www.epoca.globo.com