Principais mitos sobre a vacinação

Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) divulgaram alguns dos principais mitos e fatos sobre as vacinas
Mito: As vacinas têm vários efeitos colaterais prejudiciais e de longo prazo que ainda são desconhecidos. A vacinação pode ser até fatal.
Explicação: a maioria das reações são geralmente pequenas e temporárias, como um braço dolorido ou uma febre ligeira. Eventos graves de saúde são extremamente raros e cuidadosamente monitorados e investigados. É muito mais provável que uma pessoa adoeça gravemente por uma enfermidade evitável pela vacina do que pela própria vacina. Embora qualquer lesão grave ou morte causada por vacinas seja relevante, os benefícios da imunização superam em muito o risco, considerando que muitas outras lesões e mortes ocorreriam sem ela.
Mito: As doenças evitáveis por vacinas estão quase erradicadas em meu país, por isso não há razão para me vacinar.
Explicação: embora as doenças evitáveis por vacinação tenham se tornado raras em muitos países, os agentes infecciosos que as causam continuam a circular em algumas partes do mundo. Em um mundo altamente interligado, esses agentes podem atravessar fronteiras geográficas e infectar qualquer pessoa que não esteja protegida. Programas de vacinação bem-sucedidos, assim como as sociedades bem-sucedidas, dependem da cooperação de cada indivíduo para assegurar o bem de todos.
Mito:A influenza é apenas um incômodo e a vacina para a doença não é muito eficaz.
Explicação: a influenza é uma doença grave que mata de 300 mil a 500 mil pessoas a cada ano em todo o mundo. Mulheres grávidas, crianças pequenas, pessoas idosas com pouco acesso à saúde e qualquer um que possua uma condição crônica, como asma ou doença cardíaca, estão em risco mais elevado para uma infecção severa, que pode levar à morte. A vacinação de gestantes tem o benefício adicional de proteger os recém-nascidos (não há atualmente nenhuma vacina contra a influenza para bebês menores de seis meses).
Mito: É melhor ser imunizado por meio da doença do que por meio de vacinas.
Explicação: as vacinas interagem com o sistema imunológico para produzir uma resposta imunológica semelhante àquela produzida pela infecção natural, mas não causam a doença ou colocam a pessoa imunizada em risco de possíveis complicações.
Mito: Uma melhor higiene e saneamento farão as doenças desaparecerem – vacinas não são necessárias.
Explicação: as doenças que podem ser prevenidas por vacinas retornarão caso os programas de imunização sejam interrompidos. Uma melhor higiene, lavagem das mãos e uso de água limpa ajudam a proteger as pessoas de doenças infecciosas. Entretanto, muitas dessas infecções podem se espalhar, independente de quão limpos estamos. Se as pessoas não forem vacinadas, doenças que se tornaram raras, como a poliomielite e o sarampo, reaparecerão rapidamente.
Fonte: www.unimed.coop.br

Doenças relacionadas ao excesso de peso não ameaçam apenas obesos, diz estudo

Pessoas que não são obesas podem correr riscos de morte por doenças relacionadas ao excesso de peso, aponta um novo estudo.

Das 4 milhões de pessoas que morreram em 2015 por causas associadas ao sobrepeso, 40% não eram consideradas clinicamente obesas.

O estudo mostra também que mais de 2 bilhões de crianças e adultos sofrem problemas de saúde ligados ao sobrepeso, incluindo diabetes tipo 2, doenças coronárias e câncer.

Mas uma parte significativa dessas pessoas tinha um Índice de Massa Corporal (IMC) inferior a 30, limiar a partir do qual a pessoa é considerada obesa.

Segundo o estudo, publicado na revista científica New England Journal of Medicine, as descobertas revelam uma “crescente e perturbadora crise de saúde pública global”.

“As pessoas que ignoram o ganho de peso fazem isso por sua conta e risco – risco de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer, entre outras”, diz Christopher Murray, autor do estudo e diretor do Instituto de Métrica e Avaliação para a Saúde (IHME, na sigla em inglês) da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.

“Aquelas resoluções mais ou menos sérias de Ano Novo para perder peso devem se tornar compromissos para todo o ano”, aconselha.

O estudo, que analisou dados de 195 países e territórios por um período de 35 anos, de 1980 a 2015, diz que 30% da população mundial – ou 2,2 bilhões de crianças e adultos – estão com excesso de peso.

Isso inclui aproximadamente 108 milhões de crianças e mais de 600 milhões de adultos que têm um IMC maior do que 30 e são, portanto, considerados clinicamente obesos.

‘Amor pelo açúcar’

A obesidade se tornou uma epidemia mundial – a população de obesos dobrou em 70 países desde a década de 1980.

Os Estados Unidos têm o maior nível de obesidade entre adultos e crianças (13% da população).

O Egito lidera o ranking de adultos obesos – 35% da população está nessa situação.

Em entrevista no ano passado ao jornal britânico The Guardian, Randa Abou el Naga, pesquisador na Organização Mundial de Saúde, atribuiu o problema no Egito à falta de “exercícios físicos vigorosos”, enquanto a nutricionista Sherine el Shimi citou o “amor” do egípcio pelo açúcar.

O relatório também mostrou que a taxa de obesidade está aumentando mais rapidamente entre crianças do que entre adultos.

A China e a Índia têm os maiores números de crianças obesas, com 15,3 milhões e 14,4 milhões, respectivamente.

“O problema não está relacionado exclusivamente à renda ou riqueza”, diz o estudo. “A maior disponibilidade e acessibilidade a produtos densos em energia, além do forte marketing, podem explicar o excesso de peso em diferentes populações”, acrescenta.

As menores taxas de obesidade estão em Bangladesh e no Vietnã. Apenas 1% da população desses países é obesa.

“O excesso de peso corporal é um dos problemas mais desafiadores de nossos tempos, afetando uma a cada três pessoas”, diz Ashkan Afshin, coautor do estudo e professor de Saúde Global no IHME.

Os autores destacam a necessidade de uma intervenção para reduzir a prevalência de um alto IMC e suas consequências.

Fonte: www.bbc.com/portuguese

 

Geração com mais de 50 anos revoluciona velhice e cria ‘gerontolescência’, diz guru da longevidade

Envelhecer não é mais o que era antes graças aos baby boomers, que estão transformando esse período e vivendo de forma diferente das gerações anteriores – é o que diz uma das maiores autoridades em envelhecimento do mundo, o médico brasileiro Alexandre Kalache.

Em entrevista à BBC Brasil, Kalache diz que o brasileiro terá que trabalhar mais tempo “quer goste ou não”, acima de tudo porque terá uma vida mais longa. Mas a boa notícia, afirma, é que a chegada à velhice da geração do pós-guerra cria uma nova construção social, o que chamou de gerontolescência.

Segundo Kalache, os baby boomers – geração que nasceu no pós-guerra (1945-1964) e que atualmente tem mais de 50 anos – estão revolucionando a velhice e transformando o período em uma nova fase porque são em maior número, têm um nível de saúde e vitalidade maior e melhor formação do que as gerações que envelheceram antes deles.

Para o médico, que atuou como diretor de envelhecimento na Organização Mundial da Saúde e já lecionou sobre o tema em universidades como a de Oxford, isso abre a possibilidade de promoção de uma nova forma de envelhecer, que vem sendo construída socialmente por esse grupo.

“A gente revolucionou o conceito de fazer a transição da infância para a idade adulta e criamos uma coisa que não havia antes da Segunda Guerra Mundial, que é a adolescência”, explica Kalache, ao explicar que a adolescência como construção social não existia antes dos anos 1950.

“Fizemos muita coisa que está aí: a revolução sexual, a pílula, as revoluções musicais, a luta contra a ditadura – não vou deixar de ser essa mesma pessoa de 50 anos atrás. Eu e esse grupo todo, os baby boomers, estamos envelhecendo com isso tudo como legado. E daqui a um tempo vamos olhar para trás e ver que, assim como criamos a adolescência há alguns anos, estamos criando a gerontolescência”, diz ele.

Para ele, no entanto, há uma diferença entre essas duas construções sociais. “A adolescência deve durar quatro ou cinco anos – se durar mais tem algo errado. Mas a gerontolescência é para durar 20, 30, 40 anos. É muito tempo para a gente se rebelar, virar a mesa.”

Encarando a morte

Para tratar do tema do envelhecimento em palestras, Kalache costuma pedir à plateia que imagine rapidamente como vai morrer. O exercício, segundo ele, serve para mostrar como há uma “idealização da morte que já não é mais a regra”.

Isso porque, diz ele, “vamos morrer mais velhos, mais doentes e mais lentamente do que muitos imaginam”.

“A gente tem que se preparar para uma vida muito mais longa e pensar no processo de morte, porque no Brasil três quartos das mortes são de pessoas idosas e por doenças crônicas, inclusive aquelas arrastadas que causam sofrimento e despesas. Então é preciso tentar assegurar qualidade de vida até o final.”

E essa é uma realidade que deve ser levada em conta especialmente no Brasil, que envelhece a passos largos. Estimativas da Organização das Nações Unidas apontam que até 2050 o Brasil terá 64 milhões de idosos – ou 30% da população, em comparação aos atuais 12%. Em 2001 esse total era de apenas 9%. Em menos tempo – em 2025 – o país deverá ocupar o sexto lugar em número de idosos no mundo.

Para Kalache, além de estar envelhecendo rapidamente, o Brasil percorre esse caminho em um padrão sem precedentes.

“Estamos envelhecendo com uma grande parcela da população em pobreza. É um desafio grande porque não temos precedentes, modelos. Nenhum país até hoje envelheceu sem ser rico. E estamos envelhecendo rápido e ao mesmo tempo sem recursos para políticas sociais e de saúde que possam responder a uma população já muito envelhecida, como seremos em três décadas.”

Mais trabalho

Então vamos ter que trabalhar mais? Kalache, que atualmente preside o Centro Internacional Longevidade Brasil, responde que sim, e vai além: critica o “luxo” do nosso sistema previdenciário atual.

“Vai ter que trabalhar mais tempo? Eu acho que sim. Um país como o Brasil que se dá ao luxo de ter a aposentadoria média aos 54 anos é um país inviável. Não existe nenhum país que tenha conseguido por muito tempo manter tanta gente aposentada, sobretudo porque a base da pirâmide, que são os jovens, está diminuindo. Então, a gente goste ou não, vamos ter que nos preparar para uma vida laboral mais longa. E já que vai ter que trabalhar mais tempo, vamos trabalhar para ter projetos e para ser estimulante”, opina.

Por isso, segundo ele, será necessário pensar em uma política pró-natalidade para equilibrar a pirâmide social, ou seja, ter uma proporção menos desigual de jovens e idosos no país, e ainda garantir um envelhecimento melhor aos mais velhos.

Ele afirma que, para isso, são necessários quatro capitais fundamentais: saúde, conhecimento para não se tornar obsoleto (o manter-se antenado), bem-estar financeiro e bem-estar social (ou o “capricho nas relações para ter para a quem recorrer quando o negócio apertar”).

“A gente sabe que a pensãozinha só no fim da vida não vai dar conta. Aproveite para fazer suas economias porque, no final da vida, a gente precisa de mais renda e mais dinheiro, e não de menos.”

Fonte: www.bbc.com/portuguese